Dicas e estratégias para uma boa gestão

Gerir as finanças nem sempre é fácil, sobretudo em alturas de crise.

A pandemia veio trazer desafios a muitas famílias portuguesas e, com a mudança de rotinas, talvez já esteja perdido entre aquilo que ganha e o que gasta.

Veja como pode fazer um orçamento familiar para organizar as suas contas e, até, poupar.

Todas as realidades podem ter dois lados: um mais negativo e outro positivo. A Covid-19 tem atingido famílias pelo mundo inteiro. E, se algumas perderam rendimentos e até o emprego, outras têm conseguido poupar.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de poupança dos portugueses subiu para 10,6% no segundo trimestre de 2020, quando, no final de 2019, era de 7%. A tendência é transversal a toda a Europa: de acordo com o Eurostat, a taxa atingiu 27,4% no mesmo trimestre – acima dos 16,7% registados no mesmo período de 2019. Mas, se ainda não está neste patamar, talvez uma boa forma de começar seja pela organização das suas finanças. Anote estas dicas para começar a gerir o seu orçamento familiar.

É importante que todos os elementos do seu agregado familiar estejam alinhados no mesmo objetivo, desde o/a companheiro/a aos filhos. Explique o que pretende e procurem definir algumas regras em conjunto. Por exemplo, anotarem todas as despesas que fazem.

Ou seja, anote todo o dinheiro que “entra” – desde ordenados, subsídios, reembolso de IRS ou qualquer outro rendimento extra que faça parte do orçamento familiar.

Esta pode ser a parte mais desafiante, mas é realmente importante. É muito fácil perdermos o controlo daquilo que gastamos, sobretudo numa altura em que colecionamos cartões multibanco, de crédito, virtuais e as compras online tornam tudo mais rápido e acessível. Como?

  • Pode fazê-lo numa folha de Excel ou até utilizar uma aplicação para telemóvel (por exemplo, a portuguesa Boonzi, Spending Tracker, Money Wise, entre outras).
  • Divida as despesas entre fixas – como a prestação ou renda da casa, do carro, de um empréstimo, o seguro de saúde, etc – e variáveis – o supermercado, combustível, as contas da casa, etc
  • Separe as despesas entre essenciais e supérfluas (os pequenos “luxos” a que, de vez em quando, também temos direito). Por exemplo, a água, luz, gás e o supermercado são essenciais (embora também aqui seja possível poupar), mas ir ao cabeleireiro, jantar fora ou comprar uma televisão já pode ser um extra. Não se trata de fazer juízos de valor, até porque cada família pode ter critérios diferentes sobre aquilo que é essencial para si e supérfluo. Acima de tudo, seja honesto nas suas escolhas e falem, entre todos, abertamente.

Contabilize o total das suas receitas e das despesas e subtraia. As suas receitas devem ser superiores às despesas para que o saldo seja positivo. Caso contrário, terá mesmo de pensar em cortar custos ou aumentar os seus rendimentos. Uma forma de reduzir despesas poderá passar por cortar os gastos extra como comer fora de casa, ir ao cabeleireiro, etc.

Habitue-se a considerar a poupança como uma parcela “obrigatória” do seu orçamento familiar. Existem muitos gurus das finanças que defendem que deve, em primeiro lugar, pagar-se a si próprio, ou seja, assim que receber o ordenado, deve pôr dinheiro de parte e só depois começar a pagar as despesas. Isto porque, se deixar para o fim, pode haver a tentação de gastar esse dinheiro em bens ou serviços não essenciais e, depois, lá se vai a poupança.

Para além desta organização das suas finanças, existem uma série de outras estratégias que, com um pouco mais de trabalho, podem dar bons resultados. Damos-lhe cinco sugestões que podem fazer a diferença.

É fundamental ter as suas contas em dia, desde as mais pequenas às maiores. Hoje em dia, com todas as tecnologias existentes, é fácil arranjar forma de não haver esquecimentos. Desde pôr um lembrete no telemóvel com o dia a que é debitada a prestação da casa ou do carro (para não ser apanhado desprevenido sem dinheiro na conta, por exemplo) às mensagens escritas enviadas por muitas empresas quando o prazo de pagamento está a terminar. Deixar passar os prazos pode, não só, trazer chatices burocráticas como sair mais caro, uma vez que há entidades que cobram juros de mora.

Às vezes, estamos tão automatizados a pagar o seguro do carro, o seguro de saúde ou a mensalidade da televisão e do telemóvel que nem nos lembramos da possibilidade de renegociar os contratos. A verdade é que, no caso dos seguros, muitas vezes, o bem desvaloriza – como é o caso do carro – e não se justifica que esteja a pagar tanto. Noutras, pura e simplesmente, o facto de haver concorrência a praticar preços mais baixos é suficiente para poder renegociar. Tenha em atenção o prazo de fidelização de alguns serviços, como telecomunicações, uma vez que, perto do final, estas empresas têm tendência para contactar os clientes a propor alterações – desde maior oferta a descontos – de forma a renovar o contrato e prolongar o período de fidelização.

Uma boa forma de poder organizar as suas necessidades e as despesas é fazer listas. Nomeadamente, de supermercado. Pode fazer de duas formas: ter sempre uma lista “em aberto” onde, ao longo da semana ou do mês, vai acrescentando os produtos que estão a acabar ou fazer essa lista apenas antes de ir ao supermercado. De uma maneira ou de outra, verifique primeiro o que tem na despensa, frigorífico e congelador e procure resistir à tentação de comprar mais coisas só porque lhe apetece, se ainda tiver comida suficiente em casa. Outra dica útil tanto para o frigorífico como para a despensa, é colocar à frente os produtos cujo prazo de validade estão quase a terminar para poder consumi-los primeiro. E evite ir às compras com fome senão vai ter a tentação de trazer metade do supermercado para casa.

O mesmo é válido para outros tipos de compras como, por exemplo, roupa, livros, DVDs ou algo que aprecie. Se estiver num dia “não” ou com pouco dinheiro disponível, evite passear pelas lojas – sejam físicas ou virtuais – para não ter tentações.

Antes de comprar, certifique-se de que está a tomar uma decisão informada. Utilize um comparador de preços online para verificar quanto custa um determinado produto em diferentes lojas. Tenha atenção também aos portes de envio, caso esteja a fazer essa compra online. E, claro, aproveite os descontos e promoções, mas verifique se são reais ou se o preço foi inflacionado antes para parecer uma oferta mais vantajosa.

Se não está habituado a investir, o melhor é informar-se primeiro. Consulte o seu Banco, fale com um mediador ou, até, faça um curso de literacia financeira para saber como pode aplicar as suas poupanças. É importante perceber qual o seu perfil de investidor – mais conservador ou com apetência para o risco – antes de tomar qualquer decisão.

À primeira vista, pode, até, parecer complicado, mas vai ver que, depois de começar, os hábitos acabam por tornar-se automáticos. E, quando tiver os primeiros resultados, vai ter a prova de que o seu esforço compensou.

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