Como fazer do seu filho um consumidor responsável

Num mundo globalizado em que que há cada vez mais oferta de brinquedos, jogos, roupa e tantas outras coisas rapidamente as crianças aprendem a dizer “eu quero” e muitos pais cedem à tentação de dar tudo o que podem.

No entanto, às vezes, também é necessário dizer não. Mas como explicar aos mais pequenos o que é o dinheiro e como deve ser usado? A partir de que idade lhes devemos dar uma mesada ou semanada, deixá-los utilizar um cartão multibanco, incutir hábitos de poupança ou até explicar conceitos mais elaborados como o de investimento? Neste artigo, damos-lhe todas as dicas para fazer dos seus filhos consumidores responsáveis.

“O dinheiro não cresce nas árvores” – provavelmente, esta é uma frase utilizada por muitos pais e educadores para explicar aos filhos que a vida custa a ganhar. O problema é que, muitas vezes, a educação financeira não vai além disto. Segundo o 11º Inquérito Anual sobre Pais, Filhos e Dinheiro citado pela Forbes, pelo menos metade dos pais assume não ter oportunidade de falar com os filhos sobre dinheiro e um quarto diz que se sente relutante em fazê-lo.

Em contrapartida, a maioria das crianças que respondeu ao mesmo inquérito diz que gostaria de aprender mais sobre o tema. O ponto é: quando os miúdos têm curiosidade, vão acabar por aprender de uma maneira ou de outra. A questão é se os pais querem ter um papel a desempenhar na educação financeira deles ou não. Já pensou sobre isto? Se não sabe por onde começar, inspire-se nestas dicas dadas por Jayne A. Pearl, autora do livro “Kids and Money: Giving Them the Savvy to Succeed Financially” (Crianças e Dinheiro: como ensiná-los a serem bem-sucedidos financeiramente), em entrevista à parents.com.

Se mostrar várias moedas a uma criança de tenra idade, provavelmente, ela vai escolher a mais reluzente, a mais pequena – e fácil de agarrar nas suas mãozinhas – ou, de alguma forma, a que lhe chamar mais a atenção. Ou seja, a escolha não vai basear-se no valor da moeda, até porque, nesta idade, podem ainda não entender esse conceito. No entanto, pode criar várias brincadeiras com os seus filhos que os ajudem a distinguir cada uma das moedas e a saber os seus nomes.

Por exemplo, faça um jogo em que a criança, a partir de um desenho ou fotografia, tem de encontrar a moeda correspondente. Vai identificá-la pela cor, formato, etc. Depois atribua-lhe o nome (5 cêntimos, 10 cêntimos, 1 euro…). Outra brincadeira que as crianças desta idade costumam apreciar é simular que estão numa loja a atender clientes. Mesmo que ainda não entendam o valor pecuniário, começam a ficar familiarizados com o conceito das trocas comerciais. Pode criar a sua loja com pacotes de cereais, bolachas, papel higiénico – bens que, habitualmente, tenha em casa – para que os seus filhos comecem a atribuir-lhe um valor em vez de darem como garantido. Com as crianças desta idade, convém não deixá-las brincar com moedas sem a supervisão de um adulto, por razões de segurança, não vá quererem pô-las na boca e correr o risco de engolir ou engasgarem-se.

Se costuma usar cupões de desconto quando vai ao supermercado, dê alguns aos seus filhos para que eles ajudem a identificar os produtos que estão em promoção. Desta forma, vão sentir que estão a ajudar.

Outra brincadeira possível, é simular uma ida ao restaurante. Para além de poderem aprender regras básicas de comportamento social, passam também a perceber que, no final, é necessário pagar a conta.

Faça uma visita ao banco com o seu filho e, se possível, abra uma conta-poupança para ele. Estimule-o a fazer depósitos regulares e, à medida que o saldo for aumentando, procure explicar-lhe o conceito de taxa de juro: ou seja, a forma como o banco paga uma percentagem ou “recompensa” as pessoas pela poupança conseguida.

Também pode ser uma boa idade para começar a fazer uma coleção de moedas, ir a um museu do dinheiro ou fazer jogos com notas de brincar.

Faça comparação de preços em conjunto com os seus filhos. Na ida ao supermercado veja o preço, a quantidade e, claro, a qualidade. Numa semana, experimente, por exemplo, comprar um produto de marca e, na semana seguinte, de marca branca. Depois, discuta as diferenças com as crianças: qual a diferença de preço, custo vs qualidade, se compensou, etc.

Nesta fase, também pode optar por dar uma mesada ou semanada, ainda que simbólica, para aprenderem a gerir. Se gastarem o dinheiro antes do prazo combinado, não lhe dê mais. Deixe-o perceber por si que se trata de um bem finito. Pode incentivá-lo também a ganhar o seu próprio dinheiro com pequenas tarefas domésticas ou na vizinhança. Por exemplo, passear o cão do vizinho, ir fazer um recado, etc.

Se tiver essa possibilidade, faça uma venda de garagem. Deixe os seus filhos selecionarem aquilo que já não usam, mas que ainda está em bom estado e pode ter valor comercial. Assim, não só “destralha” a casa, como ensina os mais novos a praticar o desapego e a entenderem conceitos como preço, qualidade, segunda mão, etc.

Ensine os seus filhos a criar e a gerir um orçamento. O primeiro passo é aprender a distinguir “quero” de “preciso”. Entre o dinheiro para o almoço, o material escolar e outras pequenas necessidades, é muito fácil, sobretudo para um adolescente, deixar-se levar pelas marcas, modas e outras tentações. De preferência, inclua-os na discussão do orçamento familiar, explique quanto custam as despesas essenciais (água, luz, gás, supermercado, combustível, etc), pergunte-lhes se acham caro ou barato e faça-os participar nas decisões – esta é também uma forma de responsabilizá-los e incentivar comportamentos como o da poupança.

A partir desta idade, é natural que as necessidades de consumo dos seus filhos aumentem, por isso, é importante começar a explicar-lhe conceitos financeiros mais complexos. Por exemplo, a relação entre trabalho e dinheiro, as várias formas de trabalho e rendimento existentes (contratos, recibos verdes, part-time, full-time, etc) ou o conceito de crédito. Se tiver um crédito habitação ou automóvel, partilhe com ele o custo mensal e o peso no orçamento familiar. Pode também incentivar o seu filho a ter um trabalho mais “a sério” durante as férias escolares ou ao fim-de-semana, por exemplo, para comprar os ténis de marca, o DVD ou para ir ao café com os amigos. Esta é também uma boa altura para partilhar com os seus filhos conceitos como o de investimento seja num bem imobiliário – se existir essa prática na família – ou em ações e obrigações.

Uma coisa é certa: ao apostar na educação financeira dos seus filhos desde tenra idade e mantê-la ao longo da vida vai certamente fazer deles adultos   mais informados e responsáveis.

Partilhe esta Notícia!

Pretende que a Whitestar
entre em contacto?

Teve um problema
com os nossos serviços?